segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O ano do Brasil – e do presidente Lula


Dificilmente poderia ter havido ano mais auspicioso para o Brasil. Isso esteve claro nos momentos finais da conferência de Copenhague. Obama chegou atrasado, perdeu o bonde da História e, esnobado pelo presidente chinês Wen Jiabao (que se fez representar por gente de escalão inferior em reuniões de que Obama participava) invadiu como um penetra a sala onde se reuniam Brasil, África do Sul, Índia e China, o BASIC. Foto e relato do New York Times retrataram o quadro insólito em Copenhague. Obama entrou sem ser convidado. “Vou sentar ao lado do meu amigo presidente Lula”, disse. O artigo é de Argemiro Ferreira.

Argemiro Ferreira

O professor (da Universidade de Harvard) Kenneth Maxwell – britânico de nascimento, radicado há muitos anos nos EUA – explicou na véspera do Natal, na sua coluna da “Folha de S.Paulo”, que “os brasileiros deveriam comemorar o fato de que tenham avançado tanto e de que um futuro promissor esteja ao seu alcance”. Para ele, “o Brasil encerra a década bem posicionado para o futuro”.

Brasilianista e autor de pesquisa que devassou a Inconfidência Mineira (“A Devassa da Devassa”), Maxwell também publicou outros trabalhos relevantes sobre Brasil e Portugal (entre eles, “Marquês de Pombal, o paradoxo do Iluminismo”). Antes expusera o papel de Henry Kissinger no golpe de 1973 no Chile – ousadia que o levaria ainda a deixar a revista Foreign Affairs e o Council on Foreign Relations.

Comprometido apenas com a seriedade do próprio trabalho, estava certo ainda ao contestar, no Financial Times, o medo das “reginasduartes” e o terrorismo desencadeado pelos tucanos na campanha eleitoral de 2002, o que reduziu o valor do real a 1/4 do valor do dólar. Agora Maxwell vê o respaldo de 80% dos brasileiros ao seu presidente, encarado no mundo como exemplo a ser seguido – e Personalidade do Ano, como proclamou o Le Monde no dia 24.

Retrato do império em decadência

Na França da Sorbonne de FHC, coube a um blog do Libération, rival do Le Monde, contrastar a atuação positiva de Lula na reunião de Copenhague com a queda de Obama: “Os discursos de Obama e Lula foram mais do que discursos sobre os grandes desafios que nossos líderes deveriam discutir em Copenhague. Para mim, marcaram a longa e tortuosa história do declínio do império americano”.

Anabella Rosemberg, que assinou dia 18 o texto sob o título (misturando inglês e português) “Exit USA, boa tarde Brasil!”, definiu o quadro geral da degringolada das negociações do clima, “com a demissão de uma superpotência (EUA) e a chegada com brio de uma nação (o Brasil) que há algum tempo esperava, com paciência, para dar os primeiros passos”.

A recusa em negociar, para ela, é o primeiro sinal de fraqueza do poderoso. “Nas três propostas que colocou na mesa, Obama não mostrou flexibilidade. Teve ainda o cuidado de não assumir a responsabilidade dos EUA pelo acúmulo das emissões de gas com efeito estufa. Da parte de Lula tudo era liderança, vontade, ambição. Claro que não é perfeito. A questão não é essa. Mas mostrou aos olhos do mundo que seu país está preparado para jogar no primeiro time”.

Ainda na Europa, o maior jornal da Espanha, El País, já tinha considerado Lula, no dia 10, o personagem do ano de 2009, entre “Los Cien del Año”, os 100 homens e mulheres iberoamericanos que marcaram os últimos 12 meses. Coube ao próprio presidente do governo espanhol, José Luiz Rodrigues Zapatero, fazer o perfil do governante brasileiro, sob a manchete “El hombre que asombra el mundo”.

O entusiasmo do conservador Chirac

Disse o espanhol sentir “profunda admiração” por esse homem que conheceu em setembro de 2004, na cúpula – organizada pela ONU em Nova York – da Aliança Contra a Fome, liderada pelo brasileiro. Como correspondente da “Tribuna da Imprensa”, Globo News, Rádio França Internacional e “Jornal de Notícias” (de Portugal), tive o privilégio de cobrir aquele evento, presidido pelo francês Jacques Chirac.

A Assembléia Geral da ONU começaria dois dias depois, mas governantes do mundo inteiro anteciparam a chegada a Nova York por causa da reunião de Lula. O maior entusiasta da cúpula era o presidente francês Jacques Chirac, que falou de sua admiração pelo brasileiro. Chirac viajaria de volta ao final daquela reunião, deixando para o chanceler a missão de discursar pela França na Assembléia Geral.

O esforço incansável da grande mídia brasileira para esconder, tentar esvaziar ou desmerecer o reconhecimento mundial pouco afeta a imagem de Lula, dada a frequência com que governantes e personalidades de vários países se pronunciam de forma positiva sobre ele. Nos EUA o próprio Obama manifestou explicitamente sua opinião, ao saudá-lo como “o cara”, o “político mais popular do mundo”.

Por conduzir no Itamaraty a política externa brasileira, Celso Amorim tem sido alvo obsessivo do bombardeio de nossa mídia. Na ofensiva foi denunciado pelo papel antigolpista do Brasil em Honduras. Mas é encarado com respeito no exterior. David Rothkopf – da revista “Foreign Policy”, conservadora nas posições sobre América Latina – apontou-o como “o melhor ministro do Exterior do mundo”.

Quem afinal ficou bem na foto?

Para desespero de nossa mídia as avaliações de Lula estão em toda parte – e nada têm a ver com o que ela e a oposição brasileira dizem. É possível encontrá-las em diferentes línguas. Na maior revista alemã, “Der Spiegel”, em “Newsweek”, no “Washington Post”, “New York Times”, etc. Não é um amontoado de elogios vazios. Eles também se referem a dificuldades e obstáculos a superar. Mas o tom é sempre positivo, sem as leviandades e irrelevâncias que inspiram os ataques aqui.
Dificilmente poderia ter havido ano mais auspicioso para o Brasil. Isso esteve claro nos momentos finais da conferência de Copenhague. Obama chegou atrasado, perdeu o bonde da História e, esnobado pelo presidente chinês Wen Jiabao (que se fez representar por gente de escalão inferior em reuniões de que Obama participava) invadiu como um penetra a sala onde se reuniam Brasil, África do Sul, Índia e China, o BASIC.

Foto e relato do New York Times, seguidos depois por texto também destacado no Washington Post, retrataram o quadro insólito. Obama entrou sem ser convidado. Lá estavam Wen, Lula e os governantes indiano e sul-africano: “Vou sentar ao lado do meu amigo presidente Lula”, disse. Ali remendou num par de horas o acordo de três páginas para evitar o fracasso, sem ir além da esperança vaga no futuro.

Para variar Lula ficou bem na foto – literal e simbolicamente. À direita de Obama, a quem socorrera, e com a ministra Dilma Roussef à esquerda de Hillary Clinton. Essa imagem final do ano (a foto acima, sob o título deste artigo) refletiu o papel do Brasil e de seu presidente. Mais uma vez contrariou a obsessão da mídia golpista aliada à oposição idem (PSDB-DEM-PPS). Por 12 meses mídia e oposição tentaram semear o pânico e afogar o país no tsunami da crise mundial – da qual o Brasil foi o primeiro a sair.

Blog de Argemiro Ferreira

A longa despedida da ditadura militar no Brasil


O Brasil precisa se livrar da ditadura militar, mas não antes de dissecá-la e neutralizar-lhe as sementes. Os militares de hoje não podem ser obrigados a defender gente como o coronel Brilhante Ustra, o carniceiro do DOI-CODI de São Paulo, nem o capitão Wilson Machado, vítima mutilada pela própria bomba que pretendia explodir, em 1º de maio de 1981, durante um show de música no Riocentro, onde milhares de pessoas comemoravam o Dia do Trabalho. Um Exército que dá guarida e, pior, se orgulha de gente assim não precisa de mais armamento. Precisa de ar puro.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Se continuar como está, a pobreza cai à metade em 2014

Saiu no Valor de hoje, pág. A11, artigo de Marcelo Neri, “Cenários de crescimento, desigualdade e pobreza”:

Se até 2014 acontecer o que aconteceu entre 2003 e 2008 (ou seja, no Governo Lula – PHA), “é possível obter uma redução da pobreza à metade … de 16% da população para 8%… (O Brasil) já cumpriu a primeira meta do Milênio de fazer a pobreza cair à metade em metade do tempo. Isso significa cumpri-la de novo, em 5 anos, invés de 25 anos.”

A conseqüência é a seguinte: a queda da classe D, que passará de 24% para 20% da população; aumento da classe C (passará de 49% para 56%); e aumento da classe AB, que passará de 10% para 16% da população.

“Ou seja, o cenário auspicioso mostra que se a pobreza cai à metade, a classe AB dobra”.

Marcelo Neri, chefe do Centro e Políticas Sociais do IBRE/FGV, é um dos especialistas em políticas públicas, questões de desigualdade e renda, e um dos primeiros a falar da ascensão da classe C.

Dantas tentou com juiz americano o que faz contra De Sanctis

Saiu no Blog do PHA:

Amigo navegante que conhece trechos suculentos da Satiagraha ligou para desejar vida longa ao Conversa Afiada e comentar o cerco que Daniel Dantas montou contra o corajoso Juiz Fausto De Sanctis.

O amigo navegante conta que Dantas tentou também afastar o Juiz Lewis Kaplan da Corte Federal de Nova York, que o julgava (*).

Kaplan disse algumas coisas interessantes sobre o caráter de Dantas.

Que Dantas não tem “mãos limpas”.

Quando leu os argumentos de Dantas, disse na frente do advogado de Dantas: “it stinks” – isso aqui fede.

Esse amigo navegante - que fez leitura minuciosa dos documentos que o Ministro Eros Grau pensa que só ele lê – contou que Dantas queria que o advogado de Nova York tentasse afastar Kaplan.

O advogado se recusou.

Dantas insistiu.

Então, crie um fato que confunda o Juiz.

Que dê um nó na cabeça dele.

O advogado de Nova York não aceitou a sugestão.

E disse que, se Dantas quisesse, ele, Dantas, criasse um fato para entortar a cabeça do Juiz.

Faça o que quiser, disse o advogado, mas não me meta nisso.

Dantas fez.

Foi para a Itália e deu um depoimento falacioso a um Procurador italiano.

Disse que era vítima de perseguição do PT, um partido muito perigoso, que já tinha mandado matar dois prefeitos do próprio PT.

Tirou uma cópia desse depoimento e pediu para anexar ao processo nas mãos de Kaplan.

Aqui no Brasil, esse depoimento serviu a vários objetivos (quase todos escusos).

Nos Estados Unidos, teria o valor de papel higiênico.

Dantas só não foi para a cela ao lado da que abriga Bernie Maddoff, porque os presidentes dos fundos de pensão – Previ, Petros e Funcef – e o BNDES fizeram a patranha da BrOi.

E suspenderam as ações contra ele.

Aqui no Brasil, a coisa é diferente.

Dantas é o Dono do Brasil.

Viva o Brasil !

Paulo Henrique Amorim

(*) Houve um tempo em que a diretoria da Brasil Telecom que sucedeu Dantas o processou no Brasil e nos Estados Unidos. Depois, veio a patranha da BrOi (**), em que, com dinheiro do trabalhador brasileiro, o dinheiro do FAT, o BNDES e a nova diretoria da Brasil Telecom pagaram o “cala-a-boca” de US $ 1 bilhão a Dantas e desistiram de todas as ações contra ele. Viva o Brasil !

Eros Grau não tem a única edição da Satiagraha

Como se sabe, o Ministro do Supremo Eros Grau sequestrou de dentro da investigação sobre a Satiagraha as provas obtidas pela Satiagraha.

Nunca antes, na História deste país, se viu tanta violência contra a Justiça.

Clique aqui para ler o que o Conversa Afiada disse sobre o assunto na época.

As provas recolhidas pelo ínclito delegado Protógenes Queiros e sob julgamento do corajoso Juiz Fausto de Sanctis foram apropriadas pela Suprema Corte.

Foi a falência de um dos sinais vitais que levou a Justiça brasileira à UTI, como disse, em agudo artigo, a Procuradora Janice Ascari.

Foi operação que fez parte de um cerco que Daniel Dantas inspirou para destituir De Sanctis e escolher seu próprio Juiz (de preferência na Suprema Corte ).

Com a decisão do Ministro Eros Grau e outra do Superior Tribunal de Justiça, que congelou qualquer ação de De Sanctis contra Dantas, a elite consumou seu Golpe do Estado de Direita: um Golpe desfechado pelo Judiciário, com o silencio cúmplice do PiG (*).

(O Governo Lula, aparentemente, não percebeu ainda em que fria pode se meter com esse Golpe do Estado de Direita – clique aqui para ler “Jobim vazou a ‘crise’ para criá-la” )

Porém, os tempos são outros.

Se Dantas, Gilmar Dantas (**), Eros Grau e os outros juízes de “instâncias superiores” onde Dantas tem “facilidades” pensam que serão capazes de sepultar a Satiagraha, estão enganados.

A Satiagraha adquiriu vida própria.

Não tem edição príncips nem única.

São muitas as Satiagrahas.

Ela deu frutos.

É tão inútil tentar podá-la quanto cortar galhos das árvores da Floresta Amazônia.

Ela vai reaparecer.

Como apareceu o disco rígido da Ministra Ellen Gracie, que não os abriu porque defendia a tese de que “Dantas não é Dantas, mas Dantas”.

A Satiagraha um dia vai aparecer da tribuna da Câmara.

No Blog do Azenha.

Do Nassif.

Na capa da Carta Capital.

No Huffingtonpost, nos Estados Unidos, como prova indelével da inconfiabilidade da Justiça brasileira.

Um dia, quando um ministro da Suprema Corte estiver aposentado, a reler a obra de Henry Miller, será convidado a dar entrevista à Folha (***) sobre o sequestro das provas da Satiagraha (que a Folha, mais tarde, será obrigada a publicar …).

A Satiagraha não é uma investigação policial.

Ela é o “Retrato do Brasil”.

E, dessa vez, Ruy Barbosa não vai queimar os documentos da escravidão.

Ruy Barbosa não conheceu a internet, ministro Grau.

Paulo Henrique Amorim

(*)Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

(**)Repare, amigo navegante como um notável jornalista do Globo (do Globo !) se refere a Ele.

(***) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é ; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

Jobim vazou a “crise” para criá-la

Uma "sargentada" criada pela direitona e amplificada pela Globo, começou com a notícia abaixo:
Saiu na Folha (*), pág. A5, artigo de Janio de Feitas, “Por trás da coincidência”:

“Um episódio que seria do início da semana passada aparece, de repente, em vários jornais no mesmo dia (ontem), em versões não exatamente iguais, mas todas de igual gravidade: uma crise entre as Forças Armadas, por seus comandos e seu original ministro, e o presidente Lula.”

“O Ministro Nelson Jobim fica muito bem na lealdade aos comandantes e ao conjunto das Forças Armadas … Apesar de não ficar tão bem na lealdade ao Presidente da República …”

“Mas, o presidente não ficou e não está bem nesse caso. A rigor, mal, mesmo. No mínimo, porque, contestado e posto sob pressão para alguma forma de recuo – cada versão é, para ele, pior que a anterior.”

“ … há um propósito de agitação política, seguindo a mais inconveniente das receitas conhecidas: com a inclusão das Forças Armadas”.

sábado, 2 de janeiro de 2010

O melhor ano de suas vidas

Este ano de 2.010 será o melhor ano de nossas vidas em todos os aspectos. Social, empresarial e espiritual. Portanto aproveite.

Perspectivas setoriais do Mercado de Ações no Brasil

Comentários por Anderson Lueders - Blog Small Caps

Varejo: O setor de varejo continuará sendo um dos mais beneficiados pela retomada da confiança do consumidor e pela contínua tendência de elevação dos ganhos salariais reais, turbinada pela política de valorização do salário mínimo. A atual paridade cambial, com o Real mais valorizado continuará a pressionar os preços dos fornecedores ante a concorrência com os produtos importados, contribuindo para o aumento das margens operacionais das varejistas. Indiscutivelmente o varejo foi pouco abatido pela crise. Os múltiplos fundamentalistas evidenciam que o mercado tem reconhecido este crescimento, diminuindo a margem de segurança do investimento.

Bancos Médios: os bancos médios atuam em diversos nichos especializados. De um modo geral, o ano mostrará a continuidade do aumento da relação crédito/PIB no Brasil, que ainda tem muito a crescer quando comparada a outros países. A diminuição das taxas de juros a nível mundial e no país também tem incentivado a ampliação do crédito.

Os bancos que focam nos empréstimos para a pessoa física, especialmente por meio do crédito consignado, continuarão a reação iniciada ainda no primeiro semestre de 2009, impulsionada pelo aquecimento do varejo e pelo aumento do nível de emprego. Quem foca os empréstimos para a pessoa jurídica, especialmente se for do setor industrial, são os últimos que estão saindo da estagnação no nível de empréstimo combinada com elevada inadimplência. A tendência é que a melhora começou no último trimestre de 2009 e se acentue desde o início de 2010. Por fim, há os bancos médios que atuam também no setor de seguros, que estão em forte expansão no país e devem continuar a apresentar ótima lucratividade. As cotações do segmento dos bancos médios foram das mais afetadas pela crise, caindo até mesmo mais de 80%. Após as espetaculares altas de 2009, algumas ações ainda estão em níveis muito atrativos. A preferência pode se dar pelos bancos que negociam próximo de Preço/Valor patrimonial por ação 1 e que exibiram antes da crise níveis muito bons de retorno sobre o patrimônio líquido. Em algum momento este nível de lucratividade pode convergir, valorizando ainda mais as cotações.

Indústria: A indústria foi o setor mais afetado pela crise, e que apresentou o pior resultado no primeiro semestre de 2009, quando comparado a 2008. Terminou o ano de 2009 com um dos maiores crescimentos relativamente ao mês imediatamente anterior e a tendência é que tenham um início de 2010 muito forte especialmente na comparação anual. Enquanto 2009 foi um ano de ajuste de estoques, 2010 começará como um ano de formação de estoques, o que eleva a sensação de demanda e a produção industrial. O lado negativo ficará com o prejuízo que o atual nível de câmbio traz para as margens operacionais das exportações, que continuarão tendo um nível bastante abaixo dos melhores momentos do setor. Além disso, este câmbio favorece a importação e parte do aumento das vendas no varejo certamente será atendida por meio delas. Nem mesmo a siderurgia estará a salvo da concorrência externa, uma vez que a China em pouco tempo passou de grande importadora a exportadora com excessiva capacidade produtiva. Capacidade esta que continuou crescendo em 2009 mesmo com a vertiginosa queda da demanda por commodities. Benefício maior, então, para as empresas mineradoras, pois a China não possui matéria prima de boa qualidade para produção siderúrgica.

Construtoras: as construtoras continuarão tendo a demanda positivamente afetada pelos fatores que interferem no desempenho do varejo, ao mesmo tempo em que o patamar de juros em níveis muito baixos para a recente história do país permite que uma gama significativa de interessados adquira imóvel. Há muito a crescer na relação crédito imobiliário/PIB, que não passa de 3% no país, quando em vários países é ao menos 10 vezes maior a relação. As construtoras que atendem a demanda da classe de renda mais baixa certamente será a mais favorecida. Significativa também continuará sendo a procura pelos imóveis de até R$ 500 mil, financiáveis por meio do Sistema Financeiro da Habitação, que possui os menores juros para o comprador. Há ainda, a venda de imóveis comerciais que tem apresentado excelente desempenho. Enquanto a taxa de juros estiver nestes níveis, certamente haverá atração para novos interessados. O investidor, no entanto, deverá ser bastante seletivo após as altas apresentadas em 2009 para as ações do segmento: É de se ressaltar que não serão todas as companhias que atendem a baixa renda que conseguirão ter os custos controlados a ponto de exibirem lucros que remunerem o capital empregado. O ideal é selecionar por empresas: a) com múltiplos interessantes, especialmente abaixo da relação P/VPA 2 e que demonstraram a manutenção de lucros mesmo diante da crise; b) que estejam reconhecendo receita inferior ao nível de vendas, elevando a probabilidade que venham a ter desempenho ainda superior em 2010 ao que apresentaram em 2009. O investidor deverá observar atentamente as mudanças contábeis que o setor estará sofrendo, por meio do qual a receita deixará de ser reconhecida conforme a evolução das obras e o nível de vendas para ser totalmente reconhecida no balanço quando da conclusão das obras.

Setor elétrico: O setor elétrico continuará sendo um setor defensivo. Num momento em que os preços das ações estão em níveis mais altos, são uma alternativa interessante, uma vez que as cotações costumam tanto subir menos que o mercado em período de alta, como cair menos quando a queda chega. O segmento deve ser beneficiado com a retomada da indústria. Há ainda diversas empresas no setor que projetam dividendos superiores a atual taxa SELIC. Se considerada a taxa real de juros, então, a atratividade fica ainda mais evidente, com várias empresas exibindo ganhos até mesmo o triplo acima deste nível. A preferência poderá recair pelas companhias melhor administradas conforme os indicadores de perda de energia e de qualidade e que tenham prazos de concessão mais extensos, não estando envolvidas no curto prazo nas discussões sobre a forma em que se dará a renovação. O perigo que tem rondado o setor, além deste do término das concessões, é que há discussões sobre a forma de cálculo das tarifas na ANEEL, objetivando a sua diminuição para os casos em que o mercado cresceu acima das expectativas. O setor também passará por mudanças contábeis que modificarão a forma de depreciação dos ativos, incrementando contabilmente os lucros das empresas em fase inicial de maturação dos investimentos e diminuindo o lucro daquelas que já haviam efetuado parte expressiva da depreciação.

Enquanto 2009 foi o ano das companhias com alto nível de caixa, 2010 tem grande probabilidade de representar o ano das empresas que estejam em segmento com demanda mais aquecida e com capacidade produtiva ociosa. Tais companhias poderão enfim aproveitar os investimentos que fizeram no passado e passar a exibir melhores resultados operacionais. As companhias com níveis de dívida pagáveis também estarão sendo favorecidas com a volta da liquidez e do menor nível de juros cobrado nos empréstimos.
Frase do dia
"A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo."
Peter Drucker