quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A inveja mata. O ódio enterra.


A exatos 15 minutos depois ao anúncio de que a Olimpíada de 2016 seria no Rio de Janeiro - ao entrar no meu email- recebi 8 mensagens anônimas e li artigos de crítica ao presidente Lula e aos seus sentimentos de patriotismo. Nos jornalões e nas páginas on-line da Folha de São Paulo, os artigos se repetem e questionam Lula como se, ao presidente de um país, não coubesse, nessa hora, elogiar o esforço daqueles que contribuíram para que a maior festa de congraçamento da humanidade viesse para o Brasil em 2016. O artigo é de Rogério Mattos Costa.

Acostumado a dizer que tem vergonha de ser brasileiro, um dos jornalistas da Folha dedica-se não só a ofender, como sempre faz, ao presidente Lula, mas a lembrar dos males que quinhentos anos de má administração, preconceito racial, irresponsabilidade social e muita impunidade, fizeram ao país.

Como se a Lula coubesse a culpa pela situação e não os méritos de pela primeira vez, enfrentá-la com boa, ainda que não suficiente, dose de coragem. Lembram ainda com ironia este e outros jornalistas da Folha, que o patriotismo foi usado pela ditadura militar para combater à esquerda, quando esta reclamava da falta de liberdades básicas, como a de imprensa. Assim, segundo eles, a esquerda, da qual Lula faz parte, não poderia usar o patriotismo, “uma arma exclusiva da ditadura” para
comemorar o bom momento que vive o país em todos os setores da economia, da evolução da sociedade e do prestigio do país no exterior.

Outros vão mais além, merecendo o carinhoso apelido de “colonistas”, criado por Paulo Henrique Amorim em seu blog, para designar aqueles colunistas que pregariam abertamente a volta do Brasil à condição de colônia de potencias estrangeiras. Agora, é claro, já não a colônia de Portugal, mas de um grande país da América do Norte.

De qualquer forma, para um jornal que tem em seu currículo a acusação, nunca desmentida de haver emprestado veículos próprios, de seu patrimônio, para o transporte ilegal de cidadãos que caíram presos políticos, sem mandado judicial, durante uma ditadura militar, a Folha está em péssimas condições para combater o patriotismo ou o uso, por Lula das conquistas de seu governo.

Afinal, as acusações de colaboracionismo com a tortura não prescreveram e estão ao alcance de qualquer pesquisa, mesmo acadêmica e pela internet.
Ao fazer brincadeiras e ironias com os sentimentos patrióticos do povo e do presidente da República, a Folha ofende a memória não só dos mortos e torturados que suas caminhonetes eventualmente teriam transportado, mas de todos os que morreram combatendo o regime de exceção que seu proprietário, à época, ajudou a implantar.

O adeus a Mercedes Sosa


Sem perder sua ligação com o folclore, música predominante do interior argentino, Mercedes Sosa circulou por diversos gêneros musicais, enfrentou a censura de ditadores e dividiu o palco em todo mundo com músicos de diferentes estilos e gerações. Meu pai era um dos seus fãs e foi com ele que escutei pela primeira vez um K-7 da cantora.

A cantora argentina Mercedes Sosa morreu domingo (4), aos 74 anos. Hospitalizada desde 18 de setembro em Buenos Aires, seu estado de saúde se agravou na última semana devido a problemas renais e hepáticos. Sem perder sua ligação com o folclore, música predominante do interior argentino, Mercedes circulou por diversos gêneros musicais, enfrentou a censura de ditadores e dividiu o palco em todo mundo com músicos de diferentes estilos e gerações.

Centenas de fãs e personalidades fizeram fila do lado de fora do Congresso da Nação de Buenos Aires, onde a cantora foi velada até o meio-dia de segunda-feira. Homens e mulheres de todas as idades e com flores nas mãos esperavam pacientemente para dar seu último adeus à artista, cujo corpo ficará exposto no Salão dos Passos Perdidos.

"A secretária de Cultura da Nação se despede com profundo pesar de Mercedes Sosa, La Negra, uma das mais trascendentais representantes da cultura argentina no mundo", afirmou Jorge Coscia, secretário de Cultura, assegurando que "sua voz é única e será para sempre inesquecível".

"Dona de um repertório comprometido com a identidade latino-americana e mulher de sensibilidade social, La Negra foi uma das maiores figuras do canto popular universal", afirmou ainda.

"A Argentina chora uma de suas filhas mais talentosas", assinalou, por sua parte, o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli.

"Foi uma mulher que transcedeu as fronteiras da música e projetou o folclore não apenas como um emblema artístico e cultural a nível mundial, como também o canto de liberdade e de justiça", acescentou.

"Foi a voz dos que não tinham voz na época da ditadura e levou a angústia pelos direitos humanos na Argentina a todo o mundo", declarou o músico Víctor Heredia, cantor e compositor de algumas músicas que ficaram famosas na voz de Mercedes Sosa como "Razón de Vivir".

Governo brasileiro lamenta
O governo brasileiro lamentou a morte da cantora argentina e agradeceu por sua contribuição à música e à vida.

"Gracias, Mercedes, que nos ha dado tanto!", disse o ministro de Cultura, Juca Ferreira, em espanhol, em uma nota oficial.

Ferreira destacou a voz incomparável e o comprometimento de Sosa com a arte ibero-americana e ressaltou que sua voz potente rompeu fronteiras e transmitiu ensinamentos além de territórios e bandeiras.

"Com Mercedes Sosa aprendemos o quanto temos para compartilhar com povos e nações. Ela nos deu o sentido de lugar, de pertinência a uma latinidade que nos consagra em beleza e tragédias comuns", concluiu o ministro.

Luto oficial
A presidente argentina, Cristina Fernández, vai declarar luto oficial pela morte da cantora Mercedes Sosa.

A chefe de Estado decidiu antecipar o retorno de uma viagem à Patagônia para assinar, assim que chegue a Buenos Aires, o decreto de luto oficial pela morte da artista.

O futebol argentino fez neste domingo uma homenagem à cantora popular Mercedes Sosa, com um minuto de silêncio antes de cada partida da sétima rodada do Torneio Apertura 2009 da primeira divisão.