segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Moradores de Porto Alegre dizem não a construção na orla do Guaíba

Rio Guaíba

Os habitantes de Porto Alegre decidiram domingo (23), por meio de uma consulta pública, manter a proibição para a construção de edifícios residenciais em um terreno privado às margens do rio Guaíba, um dos símbolos da cidade.

O voto era facultativo, e 22,5 mil habitantes declararam os seus. A população local é de 1,42 milhão de pessoas.

O "não" aos prédios residenciais no local venceu por larga vantagem: 18.212 votos (80,7%) contra 4.362 (19,3%) a favor do projeto.

A área em disputa tem 60 mil metros quadrados (o equivalente a seis campos de futebol) e pertencia ao Estaleiro Só, que faliu em 1995.

Nas mãos da iniciativa privada desde 2005, o uso do terreno virou polêmica no ano passado quando a atual dona, a BM Par, informou que pretendia erguer um complexo de edifícios de escritórios e apartamentos. Só prédios comerciais eram permitidos.

A lei de ocupação no local, que vedava a construção de imóveis residenciais, foi alterada pela Câmara Municipal, mas houve protestos de ambientalistas e ativistas comunitários.

O prefeito José Fogaça (PMDB) decidiu submeter a questão a consulta pública.

Polêmica

No início deste ano, a BM Par anunciou a desistência do projeto, mas o município manteve a consulta para dar resposta definitiva à polêmica.

"Não é uma área com a qual as pessoas tenham indiferença. Tem um valor simbólico. Poderia ser sim, poderia ser não. Isso tem tal importância na cidade que seria arbitrário se um prefeito tomasse uma decisão em nome dessa simbologia", disse Fogaça.

A vantagem do "não" era perceptível durante a votação, e um dos argumentos mais repetidos pelos eleitores foi que a decisão sobre o terreno do antigo estaleiro criaria precedente para a ocupação de outras áreas da orla do Guaíba, que tem 72 km de extensão.

Brasil está perto de novo ciclo de crescimento

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta segunda-feira que o Brasil está "no limiar de um ciclo econômico". Para ele, o pais já retomará o crescimento em 2010 devido às ações empreendidas pelo governo contra os efeitos da crise.

"A crise trouxe poucas repercussões econômicas para o pais. Somos um dos primeiros [países] a sair dela, devido ao ajuste rápido e eficaz e pelo custo menor das ações tomadas", afirmou o ministro em seminário realizado pelo jornal "O Globo", no Rio.

Mantega avaliou que "a qualidade" do crescimento do país entre 2003 e 2008 será um facilitador para que a economia inicie um novo ciclo de expansão no próximo ano.

O ministro voltou a criticar o papel dos bancos privados durante a crise. Para Mantega, o Brasil não sairia da crise "tão rápido" sem a ação dos bancos públicos. Ele lembrou que desde setembro de 2008 os bancos privados aumentaram em 3% a concessão de crédito; já os bancos públicos, segundo o ministro, elevaram em 25%.

"Os bancos privados tiveram uma postura conservadora em relação ao crédito. Os bancos públicos exerceram um papel muito importante, e isso é um exemplo de eficiência do setor público", afirmou.

PMDB não abre mão da candidatura de Pessuti ao Governo do Paraná em 2010

Orlando Pessuti

A decisão do senador Osmar Dias (PDT) de desistir da aliança com o PSDB e se aproximar do PT na disputa para governo estadual em 2010 promete complicar a costura que vinha sendo feita entre o Partido dos Trabalhadores e o PMDB. A presidente do PT no Paraná, Gleisi Hoffmann, diz que a aproximação com o pedetista é importante para a coalização da base aliada, mas que o partido vai insistir também com a parceria que vem sendo organizada com o PMDB. “Vamos buscar formar uma aliança com o senador Osmar Dias. Abre-se um importante canal de diálogo, mas também não abrimos mão do apoio do PMDB. A intenção não é definir nomes por enquanto”, afirma.

A pedra no caminho do acordo do PT com o PDT é que o PMDB tem como pré-candidato o vice-governador, Orlando Pessuti, que, apesar de ter um nome menos cotado do que o de Osmar, reforçou ontem a intenção de ir para a briga. “Vamos para as eleições com ou sem o apoio do PT. A ideia é repetir a coligação nacional entre PT e PMDB aqui no Paraná, mas se isso não for possível, o PMDB já tem candidato ao governo estadual.”

Com a aproximação entre PSDB e PDT, o PMDB e o PT vinham acelerando conversas em torno de uma coligação. Há 30 dias foi criado um grupo de discussões com cinco representantes de cada legenda. O próprio governador Roberto Requião já se comprometeu com o presidente Lula a colocar o partido a serviço da pré-candidata petista à Presidência Dilma Rousseff.

Por outro lado, Osmar Dias conta com a simpatia do presidente Lula, que promete transformar em slogan de campanha do senador a declaração “ele é o cara” feita pelo presidente norte-americano Barack Obama ao presidente brasileiro. “O apoio do presidente é sempre decisivo”, diz Osmar, que ressaltou mais uma vez que vai continuar a percorrer o estado para elaborar seu plano de campanha. “Vou apresentar minha proposta. Os partidos que quiserem me apoiar serão muito bem-vindos”, afirma.

A decisão de Osmar Dias de desistir da aliança com o PSDB, confirmada em entrevista ao colunista Celso Nascimento na edição de domingo da Gazeta do Povo, veio a partir do lançamento pelo PSDB da pré-candidatura do prefeito de Curitiba, Beto Richa, ao governo. O outro nome já anunciado é o do irmão de Osmar, o senador Alvaro Dias. “Não fui eu que rompi com o PSDB foi o PSDB que rompeu comigo ao lançar dois nomes pré-candidatos e não me incluir na lista”, afirmou ontem Osmar ao reforçar a decisão.

O presidente do PSDB no Paraná, Valdir Rossoni, tentou minimizar o rompimento. “Não houve ruptura. O que houve foi a colocação de mais um nome para a candidatura ao governo. Vamos manter o diálogo aberto”. De acordo com ele, não há nada definido ainda e o PT só está usando as mesmas ferramentas que o PSDB ao buscar mais aliados. Ontem, o senador Alvaro Dias também tentou evitar falar do assunto. “Ainda não conversei com ele (Osmar). Vamos nos encontrar nesta semana. Mas eu só saio candidato se estiver em primeiro lugar nas pesquisas”, afirma.

O deputado federal Abelardo Lupion (DEM) – que faz parte da aliança formada em 2006 com o PDT e o PSDB no estado – assumiu discurso conciliador. “É natural o Osmar estar chateado. Eu também estaria. O PSDB errou.” Ele diz que espera uma retomada nas conversas.