quarta-feira, 21 de outubro de 2009

As três vitórias do povo


FOTO:JOSÉ PEPE MUJICA

Em artigo publicado no jornal La República, o senador Rafael Michelini analisa o significado da eleição presidencial de 25 de outubro, que será acompanhada de dois plebiscitos. Michelini aponta três objetivos centrais para a Frente Ampla, que governa o país: vencer a eleição no primeiro turno, com José Pepe Mujica (foto), e vencer os dois plebiscitos, um sobre a anulação da lei que anistiou policiais e militares acusados de violação de direitos humanos durante a ditadura militar, e outro sobre o direito de voto para uruguaios residentes no exterior.

Rafael Michelini - La República

No dia 25 de outubro, nós, uruguaios, teremos que tomar três decisões que definirão boa parte de nosso destino. Está diante de nós não só a oportunidade de um novo triunfo da Frente Ampla no primeiro turno, mas também o desafio dos plebiscitos, que representam decisões fundamentais para o futuro de nossa democracia.

Não prestar atenção nisso ou preocupar-se somente com perfil ou o resultado eleitoral desta ou daquela lista da Frente Ampla, não dar a prioridade que os plebiscitos merecem nem considerar o enorme valor democrático de ambas as instâncias, representaria um grave e imperdoável equívoco, do qual nos arrependeríamos em um prazo muito curto.

Votar na papeleta rosada é votar SIM à anulação da Lei da Caducidade. É expressar uma demonstração, um gesto cidadão indispensável contra a impunidade. É colocar-nos em dia com uma dívida que temos conosco mesmo como país, como comunidade. Significa eliminar, apagar de nosso ordenamento jurídico uma lei que só expressa injustiça e impunidade, que representa um lastro autoritário e um anti- valor no marco de nossa democracia. É um voto a favor da verdade, da justiça, da igualdade de direitos e da liberdade.

Votar SIM para anular a Lei de Caducidade é uma reafirmação democrática, a reafirmação dos valores que dignificam a vida cidadã, é a melhor forma de dizermos todos juntos: “nunca mais terrorismo de Estado, nunca mais ditadura”.

A luta contra a impunidade pertence a nossa democracia, a nossa sociedade, e a temos levado adiante em todo momento e em diversas dimensões. Estamos fazendo isso, desde o nosso governo, como nunca antes foi feito: com a busca e descoberta de cidadãos desaparecidos, investigando e tratando de obter a maior informação possível para colocá-la à disposição das vítimas, dos familiares das vítimas e de toda a cidadania.

Mas o capítulo mais importante tem sido aplanar o caminho da justiça. Aqueles casos que foram encaminhados ao nosso Poder Executivo receberam todos a mesma resposta. Eles foram considerados fora da Lei de Caducidade e graças a isso foi possível deter e processar alguns militares e policiais responsáveis por graves violações de direitos humanos. Mas enquanto se mantiver essa lei, muitos outros casos não poderão ser esclarecidos e seguirá havendo impunidade em nosso país.

A dor e a morte são irreparáveis. A verdade e a justiça constroem o presente, cimentando o futuro. Votar no dia 25 de outubro contra a impunidade é apostar em nós mesmos, recuperando nossa dignidade e o orgulho de superar-nos como sociedade. É uma grande aposta no futuro para que as novas gerações possam viver em liberdade, sem a carga de um passado de impunidade, sem o peso vergonhoso de uma lei que consagra a injustiça.

No outro plebiscito, votar na papeleta branca é votar SIM para garantir o direito de voto aos cidadãos uruguaios que residem no exterior. Representa uma decisão coerente com uma visão moderna e inclusive de nossa democracia, que busca ampliar e garantir o exercício de um direito fundamental, como é o do voto, a todos os cidadãos. O mesmo direito já consagrado e exercido pelos cidadãos de uma enorme quantidade de países no mundo e na nossa própria região, como México, Chile, Argentina e Brasil, entre outros.

Porque o Uruguai é mais que um território, é a vida de uma comunidade e, portanto, não pode restringir o exercício de direitos somente aqueles cidadãos que vivem dentro de nossas fronteiras. Somos um país de quatro milhões de uruguaias e uruguaios; o Uruguai é seu povo e residir no exterior não pode significar a exclusão da cidadania de nossos compatriotas.

Tornar possível o exercício do direito ao voto para os uruguaios que estão no exterior é o primeiro passo para recuperar sua participação e integrá-los ao sistema de decisões de nossa democracia. É um passo imprescindível também para garantir a igualdade de direitos entre os eleitores.

Pois hoje exercem livremente o direito ao voto aqueles uruguaios que, residindo no exterior, têm as possibilidades materiais para viajar a seu país e estar presentes no dia da eleição. Enquanto isso, a enorme maioria, aqueles que não têm condições de viajar, não podem exercer seu direito. Possuem esse direito ao voto, portanto, os uruguaios que, estando no exterior, vem votar no Uruguai. Mas, para isso, têm que ter tempo, saúde e, sobretudo, recursos.

É por isso que queremos que este direito possa ser exercido plenamente por todos os uruguaios, estejam onde estiverem, tenha os recursos que tiverem.

A outra vitória para nosso povo é o triunfo da Frente Ampla, no primeiro turno. Essa luta de dar oportunidades aos filhos dessa terra, estejam onde estiverem, é fundamental para gerar uma participação cidadã superior e permitir que todos os cidadãos deste país possam eleger o presidente, por mais longe que estejam.

Nenhum destes triunfos será completo se não agregarmos a vitória da esquerda no primeiro turno. Não se trata simplesmente de ganhar uma eleição nacional, de ganhar por ganhar, de ganhar para que não ganhe a direita. Bem longe de nós querer converter esse processo em um evento desportivo. Trata-se, isso sim, de afirmar a continuidade no governo do único projeto de mudança capaz de gerar a modernização e o desenvolvimento do nosso país. Trata-se de assegurar o rumo e o aprofundamento das reformas implementadas pelo governo de Tabaré Vázquez, com novos objetivos e desafios para o Uruguai do futuro, para a construção progressiva de um Uruguai integrado, mais próspero.

Trata-se de ganhar para consolidar o projeto igualitarista de esquerda. É isso que está em jogo: dois projetos. Um de esquerda, solidário, igualitário e eqüitativo; o outro, da direita, individualista e conservador.

Uma nova vitória da Frente Ampla no primeiro turno constitui um grande passo adiante para romper definitivamente com o passado de crise e mediocridade que suportamos durante tanto tempo e para consolidar o caminho do Uruguai pujante, empreendedor, em crescimento, dos últimos cinco anos. Seria um golpe demolidor para as aspirações de “voltar atrás”, proclamadas pela fórmula Lacalle-Bordaberry, a melhor expressão da direita e do conservadorismo, a melhor fórmula para fazer o Uruguai regressar ao passado e ao fracasso, para o país da estagnação e da mediocridade. Seria demolidor para essa visão individualista que a direita tem da sociedade.

Efetivamente, o triunfo da esquerda no primeiro turno evidenciará as debilidades políticas dos partidos tradicionais, que terão que se renovar muito para apresentar-se novamente, com chances no futuro, à sociedade uruguaia. Ao mesmo tempo, o triunfo da esquerda vai consolidar todos os êxitos do governo de Tabaré Vázquez, aprofundar todas as reformas que temos feito, implementar as mudanças e propostas para esta segunda etapa que foram aprovadas no V Congresso da Frente Ampla, Cro. Zelmar Michelini.

Mas o mais importante é que um novo governo da Frente Ampla representará um golpe mortal para o clientelismo político que blancos e colorados desenvolveram neste país e que trouxe tanta pobreza. Esse país do passado, com essas práticas e essa forma de fazer política deve ser sepultado para sempre.

Vamos por nossas três vitórias, três vitórias para o Uruguai e sua gente, vamos conquistá-las, todos juntos, no dia 25 de outubro. São três vitórias em um mesmo ato e em um mesmo momento. São três vitórias pela liberdade, pela justiça e pelo futuro. São três vitórias histórias e nenhuma pode ficar pelo caminho.

Rafael Michelini é senador da República do Uruguai pela coalizão de esquerda Novo Espaço/Frente Ampla.

Publicado originalmente no jornal La República, de Montevidéu, em 17 de outubro de 2009.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Brasil é apontado como exemplo no combate à fome no mundo


No Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro, a FAO e a Action Aid divulgaram estudos sobre a situação da fome no mundo. As duas organizações destacaram a qualidade das políticas implementadas pelo governo brasileiro no combate à fome e à pobreza. Em 2009, segundo a FAO, mais de 1 bilhão de pessoas vivem em situação de subnutrição. Situação piorou depois da crise econômica mundial. A produção mundial de alimentos deve aumentar em 70% nos próximos 40 anos para suprir a demanda crescente, adverte a FAO.

No dia 16 de outubro, a organização não-governamental ActionAid, que trabalha em mais de 40 países no combate à pobreza, divulgou documento afirmando que o Brasil é o líder no combate à fome entre os países em desenvolvimento. Segundo o documento, lançado no Dia Mundial da Alimentação, o Brasil demonstra “o que pode ser atingido quando o Estado tem recursos e boa vontade para combater a fome”. A ActionAid elaborou uma lista a partir de pesquisas sobre políticas sociais contra a fome aplicadas por governos de 50 países. A partir dessa análise, construiu dois rankings, um dos países desenvolvidos (liderada por Luxemburgo) e outra dos países em desenvolvimento (liderada pelo Brasil).

Em seu estudo, a organização elogia os esforços do governo brasileiro em adotar programas sociais para lidar com o problema da fome no país, destacando os programas Bolsa Família e Fome Zero. “O Fome Zero lançou um pacote impressionante de políticas para lidar com a fome – incluindo transferências de dinheiro, bancos de alimentação e cozinhas comunitárias. O projeto atingiu mais de 44 milhões de brasileiros famintos”, diz o documento. Além disso, acrescenta, o programa ainda ajudou a reduzir a subnutrição infantil em 73%.

Para a ActionAid, o Brasil é exemplar no exercício do direito ao alimento. A entidade cita a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan 2006) e a criação do Ministério do Combate à Fome como medidas de que exemplificam que o direito à alimentação está sendo cada vez mais reconhecido como direito fundamental. Por outro lado, ressalta, o Brasil ainda tem áreas em que pode melhorar, como o desafio de incluir os trabalhadores sem terra e pequenos agricultores nos programas sociais de alimentação. “É imperativo que famílias em pequenas fazendas também estejam protegidas da expansão dos enormes programas industriais de biocombustíveis do Brasil”, diz o documento.

Mais de 1 bilhão de pessoas passam fome no mundo
A agência da ONU para alimentação e agricultura, FAO, estima que 1,02 bilhão de pessoas viveram em estado de subnutrição no mundo todo em 2009. Segundo a organização, o número de pessoas em situação de fome estava crescendo mesmo antes da crise mundial e, depois dela, a situação só piorou. Esse levantamento indica a existência de mais pessoas com fome do que em qualquer outra época desde 1970 e uma piora das tendências que já estavam presentes antes mesmo da crise econômica, avalia a FAO. “A meta da Cúpula Mundial sobre Alimentos (de 1996), de reduzir o número de pessoas subnutridas pela metade, para não mais do que 420 milhões até 2015, não será alcançada se as tendências que prevaleceram antes da crise continuarem”, diz documento divulgado pela entidade no dia 16 de outubro.

Ainda segundo a FAO, as regiões da Ásia e Oceano Pacífico têm o maior número de pessoas subnutridas, 642 milhões, seguidas pela África Subsaariana, com 265 milhões de pessoas. O Índice Global de Fome, pesquisa publicada pela Unidade Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (IFPRI, na sigla em inglês), revelou que a República Democrática do Congo foi o país com o maior aumento da fome desde 1990, seguido por Burundi, Comores (arquipélago no Oceano Índico) e o Zimbábue.

A produção mundial de alimentos deve aumentar em 70% nos próximos 40 anos para suprir a demanda crescente, adverte a FAO. A agência estima que os governos de países em desenvolvimento precisam passar a investir anualmente US$ 44 bilhões em agricultura para alimentar uma população que calcula-se que será de 9 bilhões de pessoas em 2050. Hoje, este investimento é da ordem de US$ 7,9 bilhões. As mudanças climáticas e o êxodo para as cidades também devem contribuir para a falta de alimentos nos próximos anos, diz estudo da entidade.

A crise econômica reduziu a ajuda estrangeira e o investimento em países mais pobres, além de diminuir o envio de dinheiro dos que trabalham em países mais ricos. Diante desse quadro, a FAO fez um apelo por um maior esforço internacional para diminuir a fome no mundo e também para garantir mais investimentos em agricultura e dispositivos de segurança para a economia em países mais pobres. Além disso, alerta para uma crise no preço dos alimentos, que se estabilizaram em um nível muito alto para muitas pessoas em países em desenvolvimento. Como solução para esses problemas, a entidade defende, entre outras medidas, dar mais poder para mais mulheres nos países em desenvolvimento, por meio de educação e mais acesso a empregos.

Por outro lado, assinala a organização, alguns países apresentaram uma melhora dramática nos níveis de subnutrição desde 1990, incluindo aí o Brasil, o Vietnã, a Arábia Saudita e o México. Ao citar as medidas adotadas pelo Brasil para a melhora nos níveis de subnutrição, a FAO cita programas do governo como o Fome Zero, o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e também o aumento do salário mínimo.

Bolsa Família aumenta escolaridade da população
Dados divulgados esta semana pelo governo federal confirmam as avaliações da FAO e da Action Aid no que diz respeito à relação entre o combate à fome e a melhoria da qualidade de vida da população.

Cerca de 500 mil jovens e adultos beneficiários do Bolsa Família ou que estão no Cadastro Único foram alfabetizados em 2006 e 2007. O percentual de pessoas cadastradas atendidas por programas de alfabetização aumentou de 21,9%, em 2006, para 33,8% em 2007. A articulação do MDS com o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), do Ministério da Educação, possibilitou que essas pessoas iniciassem os estudos ou voltassem às salas de aula. Dos 536.289 alfabetizados no período, 379.465 são atendidos pelo programa de transferência de renda.

A ligação do Bolsa Família com a educação faz parte do desenho institucional do programa. Os beneficiários precisam manter os filhos na escola e cumprir uma agenda básica de saúde. O objetivo é estimular acesso da população pobre aos serviços básicos de educação e saúde para melhorar as condições de vida desse público. Segundo análise feita pelo coodernador-geral do Bolsa Família, Franco Bernardes, da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do MDS, o Nordeste - região com os maiores índices de analfabetismo (24% dos beneficiários) - está investindo mais na educação de seus habitantes. A região responde por 88% dos beneficiários alfabetizados nos dois anos.

A comparação entre Estados mostra que Alagoas obteve o maior desempenho, com a alfabetização de 29% de pessoas atendidas pelo Bolsa Família. Ceará e Pernambuco vêm logo em seguida com 23% de beneficiários alfabetizados. Na região Sudeste, Minas Gerais responde por 70% dos beneficiários alfabetizados. No Norte, somando Pará, Amazonas e Acre, os três Estados alcançam 78% das pessoas atendidas pelo Bolsa Família na região.

(*) Com agências internacionais

STF apura se deputado ajudou Yeda com recurso ilegal

Apesar do esforço do PIG* em mater o escândalo do DETRAN do Rio Grande do Sul longe das manchetes e da conivência de alguns setores do judiciário federal, o PSDB tenta agora fazer do deputado Germano o boi-de-piranha da maracutaia para salvar a governadora das garras da justiça. O RIO GRANDE merecia um governo melhor.

Um inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido do Ministério Público Federal (MPF) investiga se o deputado federal José Otávio Germano (PP) teria ajudado a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), a obter recursos ilegais durante e depois da campanha eleitoral de 2006 em troca do direito de nomear o diretor do Detran no início de 2007.

O acordo permitiria a manutenção do esquema que desviou R$ 44 milhões da autarquia entre 2003 e o final de 2007, quando foi descoberto pela Polícia Federal. A informação foi divulgada pela revista "IstoÉ" deste final de semana com base em peças do inquérito às quais teve acesso.

Germano e Yeda negam participação em qualquer esquema fraudulento. Nas vezes em que foi questionado sobre a nomeação de diretores do Detran, Germano afirmou que a indicação foi do partido e não dele. Seu advogado, José Antônio Paganella Boschi, qualificou a matéria como "inverídica e irresponsável" e anunciou que vai processar a revista.

Yeda chegou a ser acusada pelo MPF/RS de participação no esquema Detran, mas foi excluída da ação de improbidade administrativa que tramita na Justiça Federal de Santa Maria por decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região tomada no dia 14 de outubro.

* PIG = Partido da Imprensa Golpista

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

PMDB fecha a chapa única para a Convenção Municipal de Curitiba dia 24


O PMDB de Curitiba vai permanecer sob o comando do militante Doático Santos. O A decisão foi ontem, 15, durante a inscrição da chapa com os 45 integrantes do diretório e 14 suplentes.

Como 1.º vice-presidente do partido em Curitiba, o governador indicou o ex-candidato a prefeito em 2008 e atual assessor especial Carlos Moreira. O deputado federal Marcelo Almeida, que estava sendo apontado como um dos nomes que poderiam suceder Doático na presidência do diretório municipal, também ganhou assento na executiva.

Ele foi indicado como um dos vice-presidentes setoriais. Almeida está encarregado de fazer um trabalho direcionado na capital visando melhorar o desempenho do partido nas eleições majoritárias do próximo ano.

O deputado estadual Alexandre Curi será reconduzido à presidência do Conselho Político do partido, além de ocupar a segunda vice-presidência da executiva. O deputado federal Rodrigo Rocha Loures fica onde está: continua como terceiro vice-presidente.

Além destes nomes, a comissão executiva do PMDB de Curitiba terá ainda Altino Loureiro (secretário-geral), Ivan Ribas (1.º secretário), João Benjamin Santos (tesoureiro), Sheila Toledo (1.º tesoureiro) e os vogais e vices-presidentes setoriais: Luiz Fernando Delazari, Anselmo José de Oliveira, Luiz Pedro Di Lucca e Antonio Augusto Sávio. Além da lista dos 45 membros do diretório municipal e 14 suplentes, serão indicados também na convenção os trinta delegados à convenção estadual.

O deputado estadual Reinhold Stephanes Junior, que lançou o nome de Marcelo Almeida, não integra a lista dos integrantes do diretório municipal de Curitiba, divulgada ontem pela assessoria de Doático. A justificativa é que Stephanes desrespeita as orientações do partido nas votações da Assembleia Legislativa.

Além de Curitiba, todos os demais municípios do estado devem realizar convenções, avisou ontem o secretário-geral do diretório estadual, João Arruda. O prazo para a inscrição das chapas termina hoje, dia 16.

Brasil é eleito para o Conselho de Segurança da ONU


O Brasil foi eleito nesta quinta-feira para um mandato de dois anos em uma das vagas rotativas do Conselho de Segurança da ONU.

O mandato brasileiro entra em vigor no dia 1º de janeiro de 2010 e vai até o dia 31 de dezembro de 2011.

É a décima vez que o país ocupa uma posição no Conselho de Segurança, o órgão da ONU responsável pela manutenção da paz e da segurança internacional.

É também a segunda vez que o país ocupa uma vaga rotativa na ONU durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira foi entre 2004 e 2005.

Vaga

O país será representado pela primeira vez no Conselho por uma mulher, a embaixadora Maria Luiza Viotti, que comanda a missão brasileira na ONU.

O Brasil vem pleiteando há muitos anos um assento permanente no Conselho da ONU, mas, a despeito de ter obtido manifestações de apoio por diferentes países, ainda não alcançou esse objetivo.

Os membros permanentes do Conselho são Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China, que tem direito de veto em qualquer medida votada pelo órgão.

A eleição do Brasil já era esperada e não houve outros concorrentes entre os países da América Latina. Ao todo, 182 países de um total de 183 votaram no Brasil.

As outras nações que obtiveram vagas não-permanentes para o mandato de 2010-2011 foram Bósnia-Herzegóvina, Gabão, Líbano e a Nigéria.

O Brasil e estas nações se somarão a Áustria, Japão, México, Turquia e Uganda, que cumprem mandato relativo a 2009 e 2010.

O país já integrou o Conselho de Segurança da ONU em 1946-47, 1951-52, 1954-55, 1963-64, 1967-68, 1988-89, 1993-94, 1998-99 e 2004-05.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, entre as prioridades brasileiras ao longo de seu mandato estão "a estabilidade no Haiti, a situação na Guiné-Bissau, a paz no Oriente Médio, os esforços em favor do desarmamento, a promoção do respeito ao Direito Internacional Humanitário, a evolução das operações de manutenção da paz e a promoção de um enfoque que articule a defesa da segurança com a promoção do desenvolvimento socioeconômico".

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Oposição propõe CPI para investigar caixa 2

"MP Eleitoral concluiu investigações. Provado que as denúncias feitas contra mim eram falsas e tinham objetivo de forjar armação política.” Beto Richa (PSDB), prefeito de Curitiba, em comentário escrito no Twitter, comemorando o fato de ter sido isentado de culpa mas esquecendo-se de que foram encontrados indícios de caixa 2 em sua campanha

Conclusão da investigação sobre o caso do Comitê Lealdade reacende o pedido de opositores de Beto Richa para que Câmara Municipal apure a campanha tucana
Publicado em 15/10/2009 | Caroline Olinda - Colaborou Kátia Chagas

O bloco de oposição ao prefeito de Curitiba na Câmara Municipal quer usar o parecer da Procuradoria Regional Eleitoral sobre o caso do Comitê Lealdade para reacender a campanha pela abertura de uma CPI para investigar o caixa 2 na campanha de reeleição do prefeito Beto Richa (PSDB). No parecer, o procurador regional eleitoral, Néviton Guedes, conclui que a campanha tucana deixou de declarar recursos à Justiça Eleitoral usados pelo comitê, formado por dissidentes do PRTB. Isso caracterizaria prática de caixa 2. Mas Guedes isentou Richa de qualquer envolvimento no caso.

A oposição busca assinaturas para a abertura da CPI desde junho deste ano, quando vieram à tona as suspeitas de irregularidades na prestação de contas da campanha do tucano. Na época, foi divulgado um vídeo em que 23 pessoas aparecem recebendo dinheiro em espécie (R$ 1,6 mil cada um) de Alexandre Gardolinski, coordenador do Comitê Lealdade – composto por ex-integrantes do PRTB, que deixaram o partido para apoiar Richa na eleição de 2008 (oficialmente, a legenda apoiou Fabio Camargo, do PTB, na campanha para prefeito e não poderia apoiar o tucano). Os dissidentes informaram que receberam os recursos para trabalhar na campanha de Richa, mas isso não aparece na prestação de contas apresentada pelo PSDB à Justiça Eleitoral.

Viadutos entre Curitiba e Fazenda Rio Grande serão prioridades nas obras de duplicação da BR-116


A construção de viadutos na BR-116 entre Curitiba e Fazenda Rio Grande será prioridade na duplicação dos 12 quilômetros que distanciam as cidades. As obras são consideradas urgentes pelo Governo do Estado, pelas prefeituras da região e pela concessionária que administra o trecho.

A definição foi feita em reunião, nesta quarta-feira (18) no Palácio das Araucárias, entre o secretário-chefe de gabinete do Governo do Estado, Carlos Moreira, representantes da concessionária Autopista Planalto Sul, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e prefeitos das cidades que margeiam a BR-116.

“A duplicação de toda a via até a divisa com Santa Catarina é extremamente necessária, mas precisamente no trecho de 12 quilômetros entre Curitiba e Fazenda Rio Grande existem vários gargalos que estão causando problemas econômicos, no cotidiano da população e até na segurança. Fizemos essa reunião para definir prioridades nas obras”, enfatizou Moreira.

Uma das obras citadas por todos no encontro foi a trincheira na vila Pompéia, na divisa entre Fazenda Rio Grande e Curitiba. Em horários de maior movimento – início da manhã e final da tarde – os motoristas demoram uma hora e meia para passar o semáforo e percorrer menos de um quilômetro.

De acordo com o prefeito de Fazenda Rio Grande, Chico Santos, ali forma-se um dos maiores gargalos de infraestrutura na chegada a uma capital de estado. “Enquanto não resolver o problema na vila Pompéia continua o gargalo, por isso essa obra precisa ser priorizada. A duplicação é importante, mas primeiro precisa ser resolvidos alguns problemas pontuais como esta obra”.

A urgência da obra também foi reforçada pelo prefeito de Mandirituba, Antônio Maciel Machado. “Em certos momentos do dia, a viagem que deveria ser de 30 minutos acaba durando mais de uma hora e meia. No final do dia a situação é ainda pior pois as pessoas voltam cansadas e tem que enfrentar uma viagem longa e cansativa para chegar em casa”, disse.

O diretor superintendente da concessionária, Arthur Vasconcellos de Neto, disse que a empresa já está estudando os problemas apresentados pelas prefeituras e que esses estão sendo levados em conta no projeto da duplicação que está em execução. “Devemos antecipar alguma obra considerada prioritária para executar antecipadamente. Principalmente no trecho entre Curitiba e Fazenda Rio Grande”.

INÍCIO DAS OBRAS – Antes anunciada para começar no segundo semestre de 2009, a duplicação só deverá iniciar em meados de 2010. A informação foi confirmada pelo superintendente da AutoPista Planalto Sul. O prazo foi considero insuficiente pelo Governo do Estado.

O secretário Moreira, a pedido do governador Roberto Requião, colocou à disposição da empresa e das prefeituras o corpo técnico do Governo para que a obra comece antes do prazo anunciado pela empresa.

“São obras muito importantes. Nós temos que fazer isso o mais brevemente possível, por isso o Governo do Estado está colocando a disposição dos prefeitos, da concessionária e da ANTT todo o suporte necessário de técnicos para acelerar o início das obras.”

Participaram também da reunião o deputado estadual, Franciso Buherer, o prefeito de Quitandinha, Neco Prado, o prefeito de Rio Negro, Alceu Ricardo Swarowski, o vice-prefeito de Campo do Tenente, Jorginho Quege, o superintendente do DER na região Leste, Ricardo Barros e representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)e Luiz Pedro Di Lucca da SERC-Secretaria de Relações com a Comunidade.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

ENEM: aplique-se a Lei 8666/93 ao Grupo Folha

Neste domingo fui indagado por uma amiga sobre a que interessa a quebra do sigilo da prova do ENEM. Aqui vai a resposta por escrito, num texto de Fernando Carvalho, publicado originalmente na Carta Maior

No âmbito do direito cível e do administrativo, a gráfica Plural, que pertence ao grupo Folha de São Paulo, foi contratada por meio de licitação pública. Ou seja, comprometeu-se a cumprir todas as exigências do edital, pelo menor preço. E uma dessas exigências era o sigilo e a confidencialidade do trabalho, que era a impressão de provas de um concurso. E a essa exigência, evidente e notoriamente o grupo não cumpriu.

Fernando Carvalho

O roubo das provas do ENEM está sendo apurado pela Polícia Federal.
Três empregados da gráfica Plural já estão presos e confessaram terem participado da ação.

Um deles, disse que roubou para denunciar a falta de segurança.

Os outros dois disseram que era para “fazer um dinheirinho”.

No âmbito do direito cível e do administrativo, a gráfica, que pertence ao grupo Folha de São Paulo, de propriedade do senhor Otávio Frias, aquele que diz que eleições no Brasil não valem nada, foi contratada por meio de licitação pública.

Ou seja, comprometeu-se a cumprir todas as exigências do edital, pelo menor preço. E uma dessas exigências era o sigilo e a confidencialidade do trabalho, que era a impressão de provas de um concurso. E a essa exigência, evidente e notoriamente o grupo não cumpriu.

O prejuízo para milhões de jovens foi incalculável, pois todo o “stress” que é natural na preparação do aluno, terá que ser repetido.

O prejuízo financeiro para o governo, para imprimir novas provas, será de 34 milhões de reais.

Mas o prejuízo maior, aquele que foi causado pela quebra do sigilo, atinge ao próprio sistema educacional brasileiro, pois transmite a impressão de que exista falta de organização, de segurança e de confiabilidade no sistema do ENEM.

Consultando a Lei de Licitações, de numero 8666/93, verifica-se em seu artigo 87, na Seção II, “Das Sanções Administrativas”:

Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a Administração poderá,
garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:

I – advertência;

II – multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;

III – suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de
contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;

IV – declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.

Nada mais normal e justo para com todos os outros fornecedores, que cumprem em dia com todas as suas obrigações, que em obediência à lei, o Grupo Folha de São Paulo seja proibido de prestar serviços para qualquer entidade da administração pública pelo prazo de dois anos.

Garantindo-se, é claro, o direito de defesa da Folha de São Paulo de tentar convencer os juízes e magistrados e principalmente à sociedade e principalmente aos estudantes e seus pais de que não foi de dentro de sua gráfica que as provas vazaram.

Afinal, não é porque seja de propriedade de um jornal de oposição ao governo federal que a Folha de São Paulo deveria ser poupada da punição legal. Uma punição administrativa prevista em lei, para fato tão bem caracterizado, nunca poderia ser tomada como “perseguição política” ou tentativa de calar a imprensa que faz oposição ao governo.

Transigir nessa hora seria contrariar a lei e os direitos de todos os demais fornecedores, inclusive de material didático, que cumprem cabalmente seus contratos e não permitem que esse tipo de incidente ocorra.

Com a palavra o Ministério da Educação e a Polícia Federal.

As famílias dos jovens fraudados em suas esperanças esperam que ambos os órgãos cumpram o seu dever, apurando com isenção e sem interferência da política, o ocorrido.

E punindo, na forma da Lei, não apenas aos autores materiais desse crime, mas aos seus autores intelectuais, se existirem e aos que possuem responsabilidades objetivas no caso, por força de contrato firmado com a Administração Federal.

Simples assim.

(*)Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele acha da investigação, da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os carros de reportagem aos torturadores.

Como gem os inimigos do Brasil

Os trovadores medievais, mesmo habitantes de um tempo quase imóvel, cantavam os tempos idos, os amigos e as amadas mortas ou perdidas, com a pergunta: Ubi sunt? Onde estão os intelectuais humanistas, que fermentaram o século passado com seu bravo testemunho? Essa é a pergunta que nos sugere a leitura de artigos de Albert Camus, alguns deles publicados em 1944, quando, libertada Paris, os combates ainda continuavam no Leste. Muitos eram cristãos, outros marxistas, e se destacavam os que não se socorriam de qualquer seita, mas defendiam o primado do homem sobre a barbárie do ódio racial e de classe.

Em dezembro de 1944, Pio XII defendeu a democracia ocidental. Em artigo publicado no dia 26, coincidindo com o Natal, Camus denunciava a cumplicidade da Santa Sé naqueles anos. “Já que temos a ocasião, queremos dizer que a nossa satisfação não está desprovida de pesar. Há anos esperávamos que a maior autoridade espiritual destes tempos condenasse claramente os atos das ditaduras”.

Mais adiante, o autor de L’étranger é mais contundente: “Nosso desejo secreto era que essa voz se elevasse no momento mesmo em que triunfava o mal e em que as forças do bem se encontravam amordaçadas. Esta voz, que acaba de ditar ao mundo católico que partido tomar, era a única que poderia ser ouvida no meio das torturas e dos lamentos. A única que poderia ter negado, tranquilamente e sem medo, a força cega dos tanques”.

Camus era contemporâneo da geração que assistira à ascensão do fascismo e do nazismo. Os intelectuais se dividiam entre os que viam a ordem da força com entusiasmo, e aderiram aos novos bárbaros, e os que resistiram, em defesa da dignidade dos homens. Entre os que se entregaram sabujamente ao nazifascismo se destacaram o norueguês Knut Hamsum e o poeta norte-americano Ezra Pound. Ambos foram salvos, no julgamento por traição, pela atenuante de demência senil.

Camus era 12 anos mais jovem que seu ídolo, André Maulraux, o mais decidido combatente pelo humanismo no século. Próximo dos comunistas durante a insurreição de Xangai, que inspirou seu romance La condition humaine, Maulraux foi dos primeiros a denunciar o barbarismo nazista, no início dos anos 30. Em 36, partiu na primeira hora para defender a jovem República contra a selvageria das falanges de Franco. Piloto das forças republicanas, participou dos combates que lhe dariam material para L’espoir, a mais forte novela sobre a guerra civil espanhola. Combatente nos primeiros meses da Segunda Guerra, membro da Resistência, preso pelos nazistas e libertado pelos companheiros de maquis, Maulraux, que se desiludira do stalinismo, será o grande colaborador de De Gaulle até sua morte. Camus e Malraux eram tanto mais comprometidos com o humanismo quanto mais equidistantes do dogmatismo da Igreja e da ortodoxia dos comunistas. E isso lhes deu a grande autoridade na defesa de suas ideias.

Mas, tanto entre os comunistas quanto entre os católicos, houve heróis e mártires na grande luta do século. Em 1938, o católico Georges Bernanos, o romancista de Sous le soleil de Satan, se horrorizou com o Acordo de Munique, pelo qual seu país e a Grã-Bretanha entregaram o cordeiro tcheco ao lobo germânico. Denunciou corajosamente o fato, em Scandale de la verité, veio para o Brasil com a família e tentou ser fazendeiro, sem êxito, em Cruz das Almas, Minas, e influenciou pessoalmente uma geração de escritores mineiros, entre eles Hélio Pellegrino, Otto Lara Resende, Fernando Sabino, Edgar de Godói da Matta Machado.

Hoje, com as bandeiras do ódio racista desfraldadas em Roma, em Berlim, em Paris, em Londres, em Nova York – e outros lugares – cabe a velha pergunta: ubi sunt? Onde se encontram os intelectuais humanistas, dispostos a lutar em defesa do homem? Onde se encontram as novelas de denúncia, como Darkness at Noon, de Koestler, For whom the bells tolls, de Hemingway? Foram substituídas pelos livros de autoajuda e de evasão, próprias a uma civilização domada pelo medo e o egoísmo, e sob o fundamentalismo mercantil.

Mas não percamos a esperança. Talvez ainda vejamos Ratzinger desculpar-se diante da História por retardar o processo de beatificação do mártir dom Romero, assassinado junto ao altar, e, como conselheiro de Wojtyla, ter contribuído para que o franquista Escrivá de Balaguer, rico fundador da Opus Dei, fosse “santificado”.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Canadá o tirano da vez


O Canadá foi a nação escalada pela Commonwealth para atacar o presidente Zelaya de Honduras e procurar consolidar o governo golpista do “sargentão” Micheletti poupando os EUA de mais um desgaste frente aos seus interesses na América Latina.

Commonwealth of Nations (Comunidade das Nações), que é o nome em inglês de uma associação de territórios autônomos, mas dependentes do Reino Unido, criada em 1931 e formada atualmente por 53 nações, a maioria das quais independentes, mas incluindo algumas que ainda mantêm laços políticos com a antiga potência colonial britânica.

O Canadá pediu que Zelaya abandonasse a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, enquanto uma comissão da OEA (ainda um organismo controlado pelos EUA) que desembarcou em Honduras nada decide. Vejam a matéria da ultra-direita BBC de Londres.

Representante canadense propõe que Zelaya deixe embaixada
Bruno Garcez
Enviado especial da BBC Brasil a Tegucigalpa
Cerca de 60 pessoas estão na embaixada brasileira com Zelaya
O representante canadense nas negociações para romper o impasse político em Honduras, Peter Kent, sugeriu que o presidente deposto do país, Manuel Zelaya, receba um salvo-conduto para que possa deixar a embaixada brasileira na capital hondurenha, onde está refugiado desde o dia 21 de setembro.
Desta forma, Zelaya poderia se hospedar em sua própria casa ou em algum lugar que julgasse cômodo, sob a fiscalização do Exército e da polícia de Honduras.
Isto só poderia ocorrer, no entanto, com a garantia por parte do regime interino de Honduras de que Zelaya não seria detido, já que ele é acusado de ter cometido 18 delitos pelo governo de Roberto Micheletti.
A OEA também afirmou que não consentiria que o presidente deposto fosse submetido à prisão domiciliar.
Embaixada
A saída de Zelaya da embaixada do Brasil em Tegucigalpa foi um dos temas discutidos na reunião de quarta-feira entre representantes do governo interino, correligionários do presidente deposto e integrantes da OEA na capital hondurenha.
Atualmente, mais de 60 pessoas, incluindo Zelaya, estão abrigadas na representação brasileira em Tegucigalpa.
Por temores de segurança, Zelaya tem procurado alternar o quarto em que dorme.
A questão da embaixada foi levantada durante o encontro entre o presidente interino, Roberto Micheletti, e representantes da OEA no Palácio Presidencial hondurenho.
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, afirmou que a embaixada do Brasil não foi concebida como um lugar de residência e que uma alternativa seria Zelaya ser “transferido para um lugar mais confortável e com mais espaço”.
O ministro das Relações Exteriores do governo interino, Carlos López Contreras, afirmou na quarta-feira, durante o seu pronunciamento na reunião, que o Brasil precisaria definir o status legal de Zelaya, se ele está ou não sob asilo político.
Mas o Brasil afirma que reconhecer Zelaya como um exilado seria uma aberração, uma vez que ele não é alguém que se refugiou na embaixada brasileira com o propósito de deixar Honduras, mas sim o contrário, ele regressou a seu país com o intuito de nele permanecer e de ser reconduzido à Presidência.
Reunião
Segundo um alto representante que participou da negociação, o resultado do encontro foi decepcionante.
Um outro diplomata comentou que há entre os representantes hondurenhos muitos que acreditam que o atual impasse político não pode perdurar, uma vez que o país já sofreu prejuízos milionários por conta das sanções estrangeiras e corre o risco de ter um presidente que não será reconhecido pela comunidade internacional.
Apesar de Micheletti haver dito que pretende seguir à frente de seu país após a realização do pleito presidencial, marcado para o dia 29 de novembro, a OEA e outros órgãos internacionais já disseram que não reconhecerão a eleição se Manuel Zelaya não for reconduzido à Presidência.
Mas o mesmo diplomata afirmou que, no campo de Micheletti, há também muitos que têm uma aversão tão forte por Zelaya que preferem ignorar as sanções internacionais a permitir que o presidente deposto volte ao poder.
Os representantes da OEA realizam nesta quinta-feira uma reunião na qual farão um saldo das negociações.
Talvez já antecipando as dificuldades que estavam por vir, o secretário-geral José Miguel Insulza havia dito que um acordo entre as partes seria algo que levaria semanas, não dias.

OEA deixa Honduras sem avanços em negociações
Bruno Garcez
Enviado especial da BBC Brasil a Tegucigalpa
Ocorreram protestos em frente ao hotel onde acontecia a reunião
A missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) partiu de Honduras nesta quinta-feira sem que o diálogo entre os partidários do presidente Manuel Zelaya e do líder interino Roberto Micheletti tenha avançado.
Nenhuma das reivindicações da entidade para destravar o impasse político no país foi atendida, mas a organização louvou o fato de que um diálogo entre os dois campos foi firmado pela primeira vez.
Micheletti se mostrou irredutível em sua decisão de impedir que Zelaya regresse ao poder. As pressões pelo retorno do líder deposto levaram Micheletti a ainda por cima repreender os representantes da OEA em uma reunião no Palácio Presidencial transmitida em cadeia televisiva.
Não foi feita qualquer garantia de que o presidente deposto poderá deixar a Embaixada do Brasil, onde ele está refugiado há 17 dias.
Comissões
O Estado de Sítio decretado pelo governo interino segue em vigor na prática, uma que vez que o decreto oficial colocando fim ao regime de exceção nunca foi publicado, apesar de Micheletti ter garantido que o dispositivo que teve início cinco dias após o regresso de Zelaya cessou de ter validade nesta terça-feira.
A OEA divulgou um comunicado nesta quinta-feira, no qual afirma que as duas partes concordaram que o acordo de San José servirá de base às discussões.
O plano foi formulado pelo presidente da Costa Rica, Óscar Árias, e propõe, entre seus 11 pontos, a restituição de Zelaya, mas em um governo de unidade nacional.
O comunicado informou ainda que os dois lados aceitassem formar comissões que discutiriam ajustes e atualizações de cada ponto do Acordo de San José sobre os quais pairam divergências.
Os grupos em discussão teriam se comprometido ainda com um novo pacto político e social para o país.
Respaldo externo
Na quarta-feira, após terem se encontrado com Micheletti, os representantes da OEA se reuniram com o presidente Manuel Zelaya na Embaixada do Brasil e com os candidatos à presidência no pleito que está marcado para o dia 29 de novembro.
Sem ter colhido avanços entre os representantes dos dois campos, a entidade pediu que os candidatos pressionassem por uma solução para a crise, caso contrário, aquele que se sagrar o vencedor do pleito, correrá o risco de não ter qualquer respaldo externo, uma vez que a comunidade internacional já afirmou que não reconhecerá o resultado das eleições se Zelaya não for reconduzido ao poder até a data do pleito.
O acordo é difícil. Não resta a menor dúvida, mas isso não impede que continuemos tentando.
Ruy Casaes, representante do Brasil na OEA.
"Há vários indícios de que, se não restituírem o presidente Zelaya a seu cargo o quanto antes, alguns movimentos tornarão impossíveis à realização de eleições limpas e respeitadas por todos", afirmou John Biehl, o assessor especial do secretário-geral da OEA.
O embaixador do Brasil na OEA, Ruy Casaes, que foi o representante brasileiro nas negociações, disse ter visto a negociação de forma positiva, uma vez que foi a primeira vez que as duas facções políticas em disputa em Honduras se reúnem sem a presença de mediadores.
De acordo com Casaes, o tom irredutível de Micheletti pareceu uma tática para o público interno hondurenho. “Nas reuniões internas, ele teve uma postura razoável.”
O embaixador frisou: “O acordo é difícil. Não resta a menor dúvida, mas isso não impede que continuemos tentando”.
Indagado se o insucesso da entidade seria um sinal de sua irrelevância, Casaes afirmou: “Todos os organismo internacional é aquilo que os Estados-membros querem que seja”.
Protestos
O campo zelaysta parecia frustrado com a ausência de um avanço nas negociações. Um dos representantes do líder deposto, o sindicalista Juan Barahona, afirmou que o “debate está em ponto morto”, mas que as negociações irão continuar.
Pouco após a partida dos representantes da OEA, um grupo de manifestantes ligados ao grupo Movimento de Resistência ao Golpe, formado por diferentes grupos sindicais e camponeses, fez um protesto em frente ao Hotel Clarion, que sediou a reunião.
Os ativistas pediam o regresso de Zelaya e chamavam os representantes do governo interino de “cães” e os policiais armados com escudos e cacetetes de “assassinos”.
Houve empurra-empurra entre policiais e manifestantes e alguns ativistas chegaram a apanhar com cacetetes, mas não houve detenções nem incidentes mais graves.
Os ativistas pediam o estabelecimento de uma Assembléia Constituinte, que discutiria a reforma da Carta de Honduras. O tema foi o pretexto usado pelos representantes do governo interino para depor Zelaya e o líder deposto disse ter aberto mão da proposta.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A inveja mata. O ódio enterra.


A exatos 15 minutos depois ao anúncio de que a Olimpíada de 2016 seria no Rio de Janeiro - ao entrar no meu email- recebi 8 mensagens anônimas e li artigos de crítica ao presidente Lula e aos seus sentimentos de patriotismo. Nos jornalões e nas páginas on-line da Folha de São Paulo, os artigos se repetem e questionam Lula como se, ao presidente de um país, não coubesse, nessa hora, elogiar o esforço daqueles que contribuíram para que a maior festa de congraçamento da humanidade viesse para o Brasil em 2016. O artigo é de Rogério Mattos Costa.

Acostumado a dizer que tem vergonha de ser brasileiro, um dos jornalistas da Folha dedica-se não só a ofender, como sempre faz, ao presidente Lula, mas a lembrar dos males que quinhentos anos de má administração, preconceito racial, irresponsabilidade social e muita impunidade, fizeram ao país.

Como se a Lula coubesse a culpa pela situação e não os méritos de pela primeira vez, enfrentá-la com boa, ainda que não suficiente, dose de coragem. Lembram ainda com ironia este e outros jornalistas da Folha, que o patriotismo foi usado pela ditadura militar para combater à esquerda, quando esta reclamava da falta de liberdades básicas, como a de imprensa. Assim, segundo eles, a esquerda, da qual Lula faz parte, não poderia usar o patriotismo, “uma arma exclusiva da ditadura” para
comemorar o bom momento que vive o país em todos os setores da economia, da evolução da sociedade e do prestigio do país no exterior.

Outros vão mais além, merecendo o carinhoso apelido de “colonistas”, criado por Paulo Henrique Amorim em seu blog, para designar aqueles colunistas que pregariam abertamente a volta do Brasil à condição de colônia de potencias estrangeiras. Agora, é claro, já não a colônia de Portugal, mas de um grande país da América do Norte.

De qualquer forma, para um jornal que tem em seu currículo a acusação, nunca desmentida de haver emprestado veículos próprios, de seu patrimônio, para o transporte ilegal de cidadãos que caíram presos políticos, sem mandado judicial, durante uma ditadura militar, a Folha está em péssimas condições para combater o patriotismo ou o uso, por Lula das conquistas de seu governo.

Afinal, as acusações de colaboracionismo com a tortura não prescreveram e estão ao alcance de qualquer pesquisa, mesmo acadêmica e pela internet.
Ao fazer brincadeiras e ironias com os sentimentos patrióticos do povo e do presidente da República, a Folha ofende a memória não só dos mortos e torturados que suas caminhonetes eventualmente teriam transportado, mas de todos os que morreram combatendo o regime de exceção que seu proprietário, à época, ajudou a implantar.

O adeus a Mercedes Sosa


Sem perder sua ligação com o folclore, música predominante do interior argentino, Mercedes Sosa circulou por diversos gêneros musicais, enfrentou a censura de ditadores e dividiu o palco em todo mundo com músicos de diferentes estilos e gerações. Meu pai era um dos seus fãs e foi com ele que escutei pela primeira vez um K-7 da cantora.

A cantora argentina Mercedes Sosa morreu domingo (4), aos 74 anos. Hospitalizada desde 18 de setembro em Buenos Aires, seu estado de saúde se agravou na última semana devido a problemas renais e hepáticos. Sem perder sua ligação com o folclore, música predominante do interior argentino, Mercedes circulou por diversos gêneros musicais, enfrentou a censura de ditadores e dividiu o palco em todo mundo com músicos de diferentes estilos e gerações.

Centenas de fãs e personalidades fizeram fila do lado de fora do Congresso da Nação de Buenos Aires, onde a cantora foi velada até o meio-dia de segunda-feira. Homens e mulheres de todas as idades e com flores nas mãos esperavam pacientemente para dar seu último adeus à artista, cujo corpo ficará exposto no Salão dos Passos Perdidos.

"A secretária de Cultura da Nação se despede com profundo pesar de Mercedes Sosa, La Negra, uma das mais trascendentais representantes da cultura argentina no mundo", afirmou Jorge Coscia, secretário de Cultura, assegurando que "sua voz é única e será para sempre inesquecível".

"Dona de um repertório comprometido com a identidade latino-americana e mulher de sensibilidade social, La Negra foi uma das maiores figuras do canto popular universal", afirmou ainda.

"A Argentina chora uma de suas filhas mais talentosas", assinalou, por sua parte, o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli.

"Foi uma mulher que transcedeu as fronteiras da música e projetou o folclore não apenas como um emblema artístico e cultural a nível mundial, como também o canto de liberdade e de justiça", acescentou.

"Foi a voz dos que não tinham voz na época da ditadura e levou a angústia pelos direitos humanos na Argentina a todo o mundo", declarou o músico Víctor Heredia, cantor e compositor de algumas músicas que ficaram famosas na voz de Mercedes Sosa como "Razón de Vivir".

Governo brasileiro lamenta
O governo brasileiro lamentou a morte da cantora argentina e agradeceu por sua contribuição à música e à vida.

"Gracias, Mercedes, que nos ha dado tanto!", disse o ministro de Cultura, Juca Ferreira, em espanhol, em uma nota oficial.

Ferreira destacou a voz incomparável e o comprometimento de Sosa com a arte ibero-americana e ressaltou que sua voz potente rompeu fronteiras e transmitiu ensinamentos além de territórios e bandeiras.

"Com Mercedes Sosa aprendemos o quanto temos para compartilhar com povos e nações. Ela nos deu o sentido de lugar, de pertinência a uma latinidade que nos consagra em beleza e tragédias comuns", concluiu o ministro.

Luto oficial
A presidente argentina, Cristina Fernández, vai declarar luto oficial pela morte da cantora Mercedes Sosa.

A chefe de Estado decidiu antecipar o retorno de uma viagem à Patagônia para assinar, assim que chegue a Buenos Aires, o decreto de luto oficial pela morte da artista.

O futebol argentino fez neste domingo uma homenagem à cantora popular Mercedes Sosa, com um minuto de silêncio antes de cada partida da sétima rodada do Torneio Apertura 2009 da primeira divisão.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

ONU: Brasil melhor em expectativa de vida e acesso à educação

REUTERS


NOVA YORK - O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado nesta segunda-feira pelo Progranma das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostra que o Brasil permaneceu estável, na 75ª posição do ranking. Entre 2006 e 2007, o índice brasileiro subiu levemente de 0,808 para 0,813, valor considerado de alto desenvolvimento humano.

O índice, que varia entre 0 e 1, avalia as conquistas de um país com base na expectativa de vida, acesso à educação e padrão de vida, medido pelo PIB (Produto Interno Bruto) per capita.

A Noruega continuou no topo da lista, seguida pela Austrália e Islândia. Serra Leoa, Afeganistão e Níger são os três últimos e apresentam os piores índices de desenvolvimento humano.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

RIO 2016


A OLIMPÍADA É NOSSA

NATAÇÃO
Atletas como Tiago Camilo, Laís Souza e Giba se reuniram no Pinheiros na manhã desta sexta-feira para acompanhar a eleição da sede dos Jogos Olímpicos de 2016. A nadadora Fabiola Molina foi, de longe, a mais emocionada com o sucesso do Rio de Janeiro em Copenhague entre os competidores.

Apreensiva nos minutos que antecederam o anúncio oficial, ela cobria a boca com as duas mãos. No momento em que a cidade brasileira foi declarada vencedora, Molina não controlou a emoção e foi às lágrimas diante da televisão. Depois de abraçar o marido e nadador Diogo Yabe, a atleta enxugou as lágrimas para conceder entrevista.

"Desde pequeno todo atleta sonha participar de uma Olimpíada. Você treina todo dia pensando nisso. É uma coisa que mexe com o desejo do atleta e é incrível pensar que vai ter uma Olimpíada no Brasil", afirmou a nadadora de 34 anos, presente em Sidney-2000 e Pequim-2008.

A atleta ficou comovida com a confiança depositada no Rio de Janeiro em detrimento de Chicago, Tóquio e Madrid. "Isso significa que o Brasil cresceu não só como país, mas também no esporte. É muito bacana quando alguém vem e fala: 'você consegue, eu confio em você'. A gente fica emocionada de saber que o Brasil está nessa situação".

Com 34 anos, Fabiola Molina ainda não pensa na aposentadoria. No momento de fazer contas e falar sobre sua possível participação nos Jogos Olímpicos de 2016, ela lembra o exemplo da nadadora norte-americana Dara Torres, que competiu em Pequim com 41 anos.

"A Dara só teve uma filha e eu não quero ter um filho único. Se eu parar de nadar com 37 anos e tiver dois filhos, depois vou estar com 39 para 40 anos. Teria pouco tempo para chegar no nível olímpico. A probabilidade não é tão grande, mas a gente nunca sabe o que vai acontecer", sonha Molina.

Mesmo se a vida familiar impedí-la de participar dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a nadadora pretende participar de alguma forma. "Quero compartilhar a minha experiência com os atletas mais jovens e viver essa situação de alguma maneira", encerrou Molina.

VOLEI
"A indicação do Rio de Janeiro foi super importante para o Brasil. Espero que a valorização seja ainda maior, para nós, atletas, disputar os Jogos Olímpicos é muito importante. Para mim foi um sonho, já que em 2004 não pude ir, pois tinha operado o ligamento cruzado do joelho", comemorou Jaqueline.

A capitã do time, Carol, preferiu lembrar que um evento deste quilate no Brasil permitirá que as famílias apóiem as jogadoras da seleção. "Fantástico! Nas Olimpíadas o emocional conta muito, ter família e torcida por perto é fundamental. Vai ser muito bom em vários sentidos, como o lado econômico e cultural. Só me preocupo com a violência", analisou.

Quem também gostou muito da notícia desta sexta-feira foi o técnico do Sollys/Osasco e da seleção brasileira infanto-juvenil, Luizomar de Moura, que projeta uma evolução dos esportes em geral. "Vai ser muito bom para todos. Serão seis anos de investimentos nos esportes olímpicos. Todos serão beneficiados, atletas, clubes e o esporte em geral", relatou.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Para 'Time', Brasil é 'primeiro contrapeso real aos EUA no Ocidente'

Uma reportagem publicada nesta quarta-feira na edição online da revista americana Time diz que, ao mediar a crise hondurenha, o Brasil se tornou "o primeiro contrapeso real" à influência americana "no hemisfério ocidental".

Carta Maior
Considerando que o Brasil foi "trazido" para o coração do imbróglio pelos vizinhos, mais especificamente pela Venezuela do presidente Hugo Chávez, a revista diz que "Brasília se vê no tipo de centro das atenções diplomático do qual no passado procurou se afastar".

Entretanto, diz a Time, o país "não deveria se surpreender" com o fato de ser chamado a assumir tal responsabilidade.

Para a publicação americana, "nos últimos anos, a potência sul-americana tem sido reconhecida como o primeiro contrapeso real aos EUA no hemisfério ocidental – e isto significa, pelo menos para outros países nas Américas, assumir um papel maior e mais pró-ativo em ajudar a resolver distúrbios políticos do Novo Mundo, como Honduras".

"Lula e Obama são colegas e almas gêmeas de centro-esquerda, mas quando Obama disse, no mês passado, que aqueles que questionam sua resolução em Honduras são hipócritas, porque são 'os mesmos que dizem que nós estamos sempre intervindo na América Latina'", recorda a reportagem, "ele estava incluindo o Brasil, que expressou sua preocupação em relação aos esforços dos Estados Unidos".

Diplomacia ativa

Citando a participação brasileira em crises regionais, como os conflitos diplomáticos envolvendo Colômbia e Venezuela, e a liderança das tropas do país no Haiti, a revista nota que a diplomacia brasileira é "dificilmente ociosa" na América Latina. "E Lula, um dos mais populares chefes de Estado do mundo, se tornou talvez o mais efetivo intermediário entre Washington e a ressurgente esquerda antiamericana latino-americana".

A reportagem discute a preferência da diplomacia brasileira por atuar nos bastidores, e sua autodefinição como sendo "decididamente não-intervencionista".

"Ao mesmo tempo, Lula está em uma cruzada para tornar o Brasil, que tem a quinta maior população mundial e a nona economia do mundo, um ator internacional sério", diz o texto.

"É difícil manter uma tradição não-intervencionista pristina com ambições como estas – e, cada vez, o hemisfério está dizendo ao Brasil que é um tanto ingênuo insistir que é possível fazer as duas coisas."

Para a Times, "goste ou não, agora o Brasil está enfiado até o pescoço em Honduras, e o hemisfério está esperançoso de que isto signifique melhores prospectos para um acordo negociado entre Zelaya e os líderes golpistas".

"Porque acreditam que o golpe hondurenho envia um recado perigoso para as nascentes democracias da região, muitos analistas acham que ter o peso do Brasil jogado mais diretamente na situação pode ajudar as negociações."